Os Peregrinos

O caminho não é novo... O novo está em nós, no nosso jeito de caminhar!

Correção Fraterna

A Bíblia é realmente o livro da Revelação! Mais... Ela é, de fato, a Palavra de Deus!
E é bem por isso, porque Deus nos fala, que precisamos sempre ler/ouvir atentamente!

Sabem... Às vezes parece que usamos citações bíblicas decoradas, só para justificar nossos atos (fraqueza, orgulho, covardia, violência, auto-piedade...), ou até mesmo a falta deles (omissão, inércia...)!

Um mito, por exemplo! Para não sermos questionados, logo dizemos: "Não cabe a nós julgar!" E nos apoiamos em frases soltas, fora de seu contexto original, tiradas levianamente da Bíblia! Seguem algumas citações mais famosas, em relação ao ato de julgar:

"Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus..."
(I Tm 2, 5)

"E por que vês o cisco no olho do teu irmão, e não reparas
na trave que está no teu olho?" (Mt 7, 3)

"Há um só legislador e juiz,
aquele que pode salvar e destruir; tu, porém, quem és, que julgas ao próximo?"
(Tg 4,12)


Lendo esses e tantos outros, isoladamente, faz sentido não podermos julgar ninguém! Mas olhem este outro trecho, também tirado da Bíblia:

"Ora, se teu irmão pecar, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir,
terás ganho teu irmão; mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para
que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada. Se
recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e, se também recusar ouvir a igreja,
considera-o como gentio e publicano."
(Mt 18, 15-17)

Diante dos fatos, quais critérios devemos adotar, se não julgarmos (= discernir se houve ou não pecado)?

Aliás, ao lerem estas linhas, não estarão julgando se o seu conteúdo está certo ou errado? Não estamos sempre analisando o mundo à nossa volta? E isso não é julgar???

A própria CNBB... Ela propõe um método chamado "ver - JULGAR - agir"!
Como isso se torna possível, sem entrarmos em contradição com a Bíblia?

Lembram das "frases famosas", citadas agora a pouco? Vamos nos concentrar numa delas: Tg 4, 12. Uma leitura atenta mostrará que não devemos julgar a PESSOA (= o próximo)! Mas ali não diz que não devamos julgar o ato, o fato, as circunstâncias... A esses sim é possível julgar, sem prejudicar o próximo! Antes, é justamente por amor ao outro que devemos nos basear nos fatos (e não na pessoa) para aplicar a tal "correção fraterna", mostrada na citação acima, de Mt 18, 15-17.

Alguém, mais resistente, pode ainda insistir: Mas só Jesus pode julgar! Ora... Ao receber a comunhão, não nos tornamos o Cristo?
Aliás, não fazemos parte do Corpo Místico de Cristo? Não é esse o papel de Sua Igreja? Não é isso que quer dizer o "sede perfeitos como Perfeito é vosso Pai Celestial"? (Mt 5, 48) Se somente a Jesus cabe evangelizar, e não podemos seguir Seus passos, então pra que foi que Ele veio!?!

No Antigo Testamento há uma narração que demonstra bem como deve acontecer a correção fraterna! Deus mandou um profeta a Davi, para chamar-lhe a atenção, quando ele colocou Urias na frente de batalha, a fim de que este morresse e ele pudesse ficar com a sua mulher (é interessante ler toda a história, começando por II Sm 11, 2)! Natã (esse é o nome do profeta enviado a Davi) não era Deus, mas foi enviado por Ele! Se reconhecermos nosso papel (o de instrumentos) e buscarmos agir por amor e, no amor, com bondade, então por que não falar? Por que não "pôr o dedo na ferida"?

Sim... É fato!!! Uma crítica destrutiva não santifica ninguém! Ao contrário, afasta os menos firmes na Fé! Críticas destrutivas são más e típicas, normalmente, de um coração vingativo! Por isso, longe de nos elevar à condição de filhos e filhas de Deus, sua prática nos lança à escuridão! Mas é fato também que todo terapeuta aplica e recomenda críticas construtivas, como fonte de crescimento e saúde! E como Cristo não veio para os sãos...

Por isso, não tenhamos medo de julgar os fatos e denunciar as faltas de nossos irmãos, quando no erro, desde que a pessoa seja tratada com amor e o erro com Justiça (o que é bem diferente de vingança)! Ok!?!