Os Peregrinos

O caminho não é novo... O novo está em nós, no nosso jeito de caminhar!

Bom... Depois de um loooooooooongo período de férias, é hora de movimentar este blog! E, pra começar, partilho uma experiência recente (de 05 a 24-Jan-09).

Quase na mesma data em que aconteceu o 9º ENPJ, estive em Vitória-ES, para o Curso de Capacitação Nacional para Assessores/as do CEBI.

Foram 20 dias onde o CEBI proporcionou uma grande partilha de experiências sobre assessorias, além de técnicas de exegese e hermenêutica bíblica. Enquanto o curso lançava os pilares da Leitura Popular, uma leitura de construção coletiva, onde todos partilham o que sabem – e, segundo Paulo Freire, todo indivíduo sabe alguma coisa –, eu transmitia a todo o Brasil a necessidade de uma hermenêutica das Juventudes.

De início, como de costume, vieram algumas resistências. Logo quando eu disse que queria ver, no CEBI, uma hermenêutica das Juventudes, alguém me puxou de canto e disse: “Isso não é coisa do CEBI, menino!” Menos mal que não era um dos coordenadores do curso; era uma participante. Mas o curso foi feito por lideranças dos CEBI’s estaduais. E isso sim muito me preocupou.

Também ouvi alguém dizer que, em sua região, “Fulana” era jovem, MAS era respeitada POR SER catequista. Quando chegou a vez de contar a minha experiência em assessoria bíblica, disse a todos que quero ver chegar o dia em que “Fulana” será respeitada TAMBÉM por ser jovem.

Durante o curso, obviamente me aproximei mais dos jovens. Ao meu lado estava um Pastor Batista de 26 anos. Alguém veio nos dizer que sua primeira impressão sobre nós é que não estávamos lá para levar a sério o curso. Éramos os dois mais animados da turma. Felizmente a convivência desfez esta desconfiança, mas me aborreceu saber que o preconceito foi gerado pelo nosso jeito jovem de ser.

Ouvi, ainda, piadinhas do tipo: “Ah, este é aquele postulante a jovem!” De fato, tenho 32 anos. Algumas pessoas acharam estranho eu querer que o CEBI criasse uma “Dimensão Juventude”. Mas qual o problema em apoiar os jovens? Isso é bem diferente de não querer reconhecer que a fase adulta já chegou.

Felizmente, se por um lado a diferença de idade em relação aos demais participantes causou uma tensão (a esmagadora maioria dos participantes tinha mais de 40 anos de idade), por outro lado o conteúdo do curso me trouxe o que faltava para iniciar, com os jovens de minha região, uma Leitura Popular e Jovem da Bíblia. Com que olhos devo ir aos textos (eisegese)? Como tirar dos textos o que eles dizem, e não o que eu quero escutar (exegese)? Como usar os textos para iluminar uma proposta jovem de seguir a Cristo (hermenêutica)?

Além disso, se fico triste porque alguns CEBI’s estaduais não me deram abertura, pelo menos o CEBI Nacional ficou sensibilizado com a minha luta. Tenho certeza de que não encontraremos objeção a que bons materiais elaborados pela Juventude possam ser divulgados pelo programa de publicações do CEBI.

Se hoje não temos publicações para jovens, a justificativa que me deram é que essa necessidade deve surgir das bases, e que das bases quase nada apareceu em nível nacional. Ou seja... Minha voz é quase única hoje, dentro do CEBI, quando o assunto é Juventude.

Se você, jovem que está lendo esta carta, participa do CEBI em alguma instância, comece a exercitar hermenêuticas jovens em suas assessorias, ou nas assessorias em que você participa. Veja de que forma os textos podem nos ajudar a realizar o protagonismo juvenil. Provoque esse tipo de discussão entre os jovens, mas também com os adultos.

Enfim... Assim que esta experiência demonstrar resultados em minha região, terei o maior prazer em levá-la a outros cantos do país (onde for convidado, é claro!!!), para que o processo possa ser multiplicado e a Juventude possa, enfim, ter na Bíblia uma aliada, em vez de uma repressora.

Sem mais, um grande abraço jovem de um jovem não muito jovem, mas apaixonado pelos jovens!!!