Os Peregrinos

O caminho não é novo... O novo está em nós, no nosso jeito de caminhar!

Pai, afasta de mim este "fale-se"!!!

"E Deus nos deu o dom do discernimento... Pra quê???"

Em nosso mais recente 7 de Setembro, tudo ia como de costume, até que em Maceió/AL "malvados" policiais civis "estragaram" as "festividades" (e tome-lhe aspas), invadindo o desfile com narizes de palhaço e exigindo o que já deveria ser seu por direito.

As pessoas, na rua, choravam... Onde já se viu estragar um desfile tão bonito!?!

E eu me perguntava, diante da TV... Que contra-senso terrível: Exigir um direito???

Ora!!! O "cansei", de Hebe, Ivete, Ana Maria e Regina Duarte, ilustres conhecidas que não pagam a conta de ninguém, parou São Paulo, mas é um movimento justo, diz o público em geral...

Entretanto, a manifestação de desconhecidos nada ilustres, cheios de conta pra pagar, é uma ofensa aos nossos olhos, que só queriam um feriadão pra esquecer a dura realidade?

Que barbaridade, né!?! Nem no dia da Pátria podemos afastar a realidade de nossos olhos...

Houve um tempo em que não se podia falar nada livremente, neste país. Foi o tempo da ditadura, de exilados políticos, das músicas de protesto... E aquele tempo era muito ruim!

Hoje é um tempo de liberdade de imprensa, de liberdade cheirando a impunidade (tanto no caso dos nosso políticos em Brasília quanto no caso dos jovens que se drogam tranqüilamente nas praças, à luz do dia)... E continua ruim???

Aliás... Se hoje é um tempo de liberdade, por que são as Forças Armadas que ainda tomam conta dos desfiles de 7 de Setembro? Por que o Presidente e os demais chefes-de-Estado precisam continuar batendo as tropas em revista?

Meu pai que não me ouça; ele é militar! Sabe... Eu até gosto das marchinhas militares... Aliás, se elas não fossem tão gostosas, não falassem aos nossos corações, não despertassem nossos sentimentos de patriotismo, não animariam ninguém a pegar em armas e "defender" a Pátria (olha as aspas aí de novo, geeeeeeente!!!).

Mas o 7 de Setembro não é um dia para celebrar a Liberdade? Então não é dia do povo nas calçadas, vendo as tropas preparadas para a guerra! Muito pelo contrário: Quem deveria estar desfilando era o Povo!

Mas não é o que acontece... E não é porque somos obrigados a ver este "espetáculo"! Vamos livremente às ruas, correndo para assumir nosso papel de marginais (pois que ficamos à margem, nas calçadas).

Foi pra isso que Chico Buarque e Gilberto Gil (putz... Gil... ministro da cultura... quem diria...) cantaram "Pai, afasta de mim este cale-se" (sim... eu sei que a letra diz "cálice")? Ou então "calada a boca, resta o peito... calado o peito, resta a cuca"?

Por que não ser como os profetas Isaías e Miquéias? Em tempos de guerra eles sonhavam transformar as armas em enxadas e foices, a serviço da vida (Is 2,2-4; Mq 4,1-4).

Tá certo que o profeta Joel sonhou o contrário: Tornar enxadas e foices em instrumentos de guerra (Jl 4,10). Mas ele viveu outra realidade: A do Exílio.

É óbvio que o povo, naquele momento, precisava reagir. Leia todo o capítulo 4 e perceba como estava a situação do povo, naquele momento.

O mais importante, porém, é que em ambos os casos era o povo quem agia; não ficava esperando que alguém fizesse por eles.

E nós??? Até quando, meu Deus??? Até quando deixaremos outros viverem a nossa vida?