Os Peregrinos

O caminho não é novo... O novo está em nós, no nosso jeito de caminhar!

Jornada Ecumênica

"Aqui você tem lugar, você tem! Aqui você tem lugar..."
Semana passada estive na 1ª Jornada Ecumênica da Região Sul do Brasil!

Tivemos a presença de participantes dos 3 Estados (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e também de cariocas, paulistas, baiano(a)s, mineiro(a)s, goianienses (pessoal da CAJU -- Casa da Juventude --, inclusive), além de "hermanos" argentinos, chilenos, bolivianos, uruguaios, paraguaio(a)s e alemã(e)s, entre outro(a)s.

Embora ecumênico, o encontro foi aberto também a participantes do diálogo inter-religioso, como um africanista, umbadistas, espíritas, muçulmanos e budistas.

Foram 3 dias de reflexões sobre Diversidade e Convivência, com enfoques sociológico, bíblico e teológico, além de oficinas super produtivas.

Este ano a Jornada foi aberta a todos os públicos, mas no ano que vem será exclusiva da Juventude. Em virtude deste grande desafio -- e também porque a Juventude sempre tem sede de mais --, criamos (ou melhor: o[a]s jovens presentes à Jornada criaram) a REJU-SUL, uma Rede Ecumênica das Juventudes do Sul do país.

O objetivo da REJU Sul será promover e divulgar eventos e atividades que possam ser realizados em comum pelas diversas denominações cristãs e inter-religiosas e compartilhar em REDE as ações de igrejas, organizações ecumênicas e instituções, voltadas à promoção dos direitos juvenis. Um deles será a Jornada Ecumênica Sul em 2009. Mas espera-se promover também uma transformação social, graças à união dos grupos de diversas crenças.

A idéia é simples!!! No bairro onde moramos, na escola que freqüentamos, em nosso trabalho, nos parques, nas associações e sindicatos, há pessoas de diversas religiões, credos e raças! Essas pessoas sempre estão reunidas em torno de um objetivo comum! Então cabe aos jovens a evangelização, não mais através do convencimento, mas de ações concretas, que levem a mensagem do Evangelho em forma de valores a serem vivenciados, muito mais do que siglas ou nomes a serem seguidos!

Aos mais conservadores... É claro que para nós, cristãos, Jesus Cristo é o Nome acima de todos os nomes! Não se trata de negá-lo, ou igualá-lo a outros! Mas já diz aquela música penitencial: "Hoje, se a vida é tão ferida, deve-se à culpa, indiferença dos cristãos!" Portanto, para facilitar a Convivência e respeitar a Diversidade, deixemos que os sinais -- muito mais do que nossa boca -- falem de Deus, pois se o nome de Jesus cria barreiras hoje deve-se aos nossos atos, muitas vezes incoerentes com a nossa Fé!

Jovem é outro Papo

Bendita seja a Teologia da Libertação! Será que ela sabia as conseqüências de seu discurso, quando resolveu adotar os pobres como lugar social de sua atuação?

Primeiro veio a necessidade de combater o acúmulo, objetivo dos exploradores. Operários, lavradores e outros grupos oprimidos se viram contemplados por uma Teologia dos Pobres.

Alargando a consciência crítica, as mulheres perceberam que o machismo também era uma forma de poder e dominação. Surgia a Teologia de Gênero.

Em seguida, negros, índios e outros povos perceberam que a organização mundial era eurocêntrica. Imediatamente formularam uma Teologia das Raças, Culturas e Religiões.

Aí a Teologia tradicional, conservadora, que não é boba nem nada, descobriu que o segredo das teologias libertárias era a capacidade de se organizar socialmente. Era preciso reagir! E o melhor caminho era incentivar a divisão, o individualismo.

Surgiu, então, a teologia do “salva a ti mesmo”, “preocupa-te com tua alma”, “seja o melhor que puderes” (mas sempre aja sozinho, obviamente).

É um discurso muito atraente, não acham!?! Eles até promovem grandes encontros, com pronunciamentos de grandes líderes espirituais, mas tudo sempre voltado para um “crescimento” individual. O discurso do “seja bom” é, de fato, muito sedutor... Mas ser bom não basta!

Para aumentar o poder de atração, já que está na moda a busca pela “eterna juventude” (e também porque é comum achar que os jovens -- parcela considerável da população mundial -- sejam mais facilmente influenciados), os defensores dessa Teologia “Oficial” desenvolveram discurso, metodologia e vários recursos (áudio-visuais principalmente) voltados para o público juvenil.

O diabo é que esse discurso realmente arrasta! Mas também... Pensem num primeiro encontro! O que a gente leva? Aquilo que somos, ou o que queremos que pensem de nós? Músicas animadas, vestes transadas, dinâmicas e “papos-cabeça” são muito mais atraentes do que sair falando diretamente de pobreza, poder e dominação.

É o mundo adultocêntrico, que faz ferver nos jovens os ideais de fama, honra e reconhecimento, que alimenta os desejos de aventura, competição, novidade, adrenalina... Mas, no fundo, só cria mais e mais mecanismos de manipulação de massas.

É preciso libertar também os jovens!!!

Esta libertação só vai acontecer se, em vez de reproduzirmos o modelo tradicional -- de linguagem aparentemente jovial e sedutora, mas que visa somente os interesses adultocêntricos --, deixarmos os próprios jovens falarem.

Então atenção!!! Os jovens vão falar!!! Eles também querem ter voz e ter vez! Vamos escutar???

Memórias de uma Feira

E viva a cultura brasileira!!! Na segunda quinzena de outubro, representei o CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) na 23ª Feira do Livro de São Leopoldo/RS. Foram 5 dias de uma experiência muito rica e, ao mesmo tempo, inquietante, da qual faço um breve relato agora.

Minha expectativa, ao chegar, era vender pouco e gastar muito, mas muito português para tornar o CEBI conhecido ao público leigo. De alguma forma, foi isso mesmo que aconteceu. As vendas não foram tão ruins assim, mas a maioria dos visitantes desconhecia o CEBI. Muitos passavam pela banca e, lendo a palavra “Bíblia”, torciam o nariz, sem a menor cerimônia. Outros nem chegavam perto, porque deveria ser alguma propaganda dos católicos (o livro “Rio e Povo” era um dos primeiros, mostrando Dom Cappio de braços bem abertos).

Outros iam além!!! Distribuí uma quantidade enorme de malas-diretas, todas com um “ecumenismo” escrito bem grande na capa. A mão de algumas pessoas parecia pegar fogo quando liam esta palavra e elas rapidamente soltavam o papel, ou me devolviam com alguns desaforos, ou comentários ríspidos.

Uma senhora, por exemplo, chegou à banca e disse: “Agora sim, uma banca que valha a pena!” Comecei logo a falar, apresentei o CEBI e os livros que ela ia olhando. De repente, sem mais nem menos, ela me olhou enfezada, disse: “Eu já conheço a Bíblia!”; deu-me as costas e saiu.

Outro senhor veio todo sorridente, quando viu a logo da Sinodal em alguns livros. Começamos a conversar, mas quando eu falei em ecumenismo, ele me deixou falando sozinho.

Alguns, mais simpáticos, queriam discutir o tema. Aí surgiam várias cenas pitorescas: um senhor queria saber se “esse lance de ecumenismo” tinha a ver com o Paiva Netto; um jovem dizia que se convertera à Igreja Batista, mas acreditava nos santos (de uma forma diferente, segundo ele; nem me atrevi a pedir que explicasse) e nunca deixara o espiritismo totalmente de lado, pois alguns espíritos sempre o orientavam sobre como se comportar na nova fé; outro rapaz queria livros de R. R. Soares...

Teve um que me pediu o livro “Milionários na Bíblia”. Eu disse que sobre milionários não tínhamos muita coisa, mas eu poderia lhe apresentar alguns livros sobre os pobres na Bíblia. Parece-me que ele não gostou muito...

Em geral, os que defendiam o ecumenismo não participavam de nenhuma denominação específica. Mostravam desconforto com as instituições, principalmente a católica (a maioria vinha de uma experiência frustrada neste meio). Diziam que era tudo a mesma coisa, que Deus é um só, e todas aquelas coisas que sempre ouvimos quando tentamos explicar que bicho é esse de “economismo”.

Lembrei-me de mais uma senhora, também defensora do ecumenismo, que dizia não ter necessidade de ler a Bíblia. Ela também não pertencia a nenhuma religião, pois recebia revelações do próprio Cristo. Complexo de inferioridade, talvez... Mas como as pessoas confundem as coisas, não!?!

Por sorte, nem só de cenas pitorescas vive uma feira. No primeiro dia, um jovem se aproximou do livro “Por que Sofrer?” e ficou encantado, pois este subsídio iria ajudá-lo muito em uma pesquisa da Faculdade. Ele faz Filosofia na UFRGS e tem a missão de explanar o tema “Sofrimento”, traçando um paralelo entre Nietzsche e o Cristianismo. O livro irá ajudá-lo com as reflexões bíblicas, coisa que ele procurava, procurava, mas não encontrava; e acabou encontrando na feira, em nossa banca.

Mais uma cena positiva: um professor procurava subsídios sobre Negritude para uma pesquisa, também da Faculdade (Unisinos). Ele tinha que desenvolver pesquisas para uma cadeira que está sendo criada sobre o tema, uma vez que tanto se está discutindo a questão de cotas nas Universidades. Levou três livros.

Outro que se aproximou da banca foi um Pastor da Assembléia de Deus. Ele procurava algo para “enriquecer seus sermões”. Levou um livro sobre os profetas e outro sobre Paulo.

Ao final da feira, muito cansaço e uma preocupação: Como estamos divulgando o ecumenismo em nossas bases? E quem nossas bases atingem? Incentivamos a leitura popular da Bíblia, mas o povão ainda não nos conhece. Eu sei que alguém vai me fazer esta pergunta: “Precisamos ser conhecidos?” Em tom de brincadeira eu sempre respondo: “Creio que sim, mas acho que não!” Em todo caso, creio que é um grande desafio tornarmos a leitura popular da Bíblia mais conhecida e, principalmente, vivenciada, experimentada. Afinal, foi isso que o CEBI pensou, quando me pediu para estar lá na feira, não!?!

Bíblia e Juventude

Já faz mais de 15 anos que ingressei em meu primeiro grupo de base, um grupo de adolescente em Presidente Prudente/SP. Desde lá ouço dizer que os jovens se tornaram prioridade na Igreja, principalmente depois de um tal de Puebla.

Bem é verdade que, de lá pra cá, conquistou-se muitas coisas. Mas os jovens ainda reclamam que estão de lado.

Há uns 5 anos, a CNBB já dizia: “Agora sim! A prioridade nº 1 (a CNBB sempre elege 5 prioridades) serão os jovens!” Basta olhar os temas da Campanha da Fraternidade pra ver se o propósito se cumpriu.

Acostumados a essas promessas que não se cumprem nas bases, os jovens de minha geração se habituaram a agir por conta própria. Até que nos viramos bem, sozinhos. Mas hoje alguns de nós reconhecem -- eu entre eles -- que era necessário um mínimo de valorização e acompanhamento.

Por exemplo, diante do assunto Bíblia e Juventude. Em quantas reuniões usamos os textos fora de seu contexto. Queríamos utilizá-los para iluminar nossas reflexões, mas acabávamos dando-lhes sentidos até opostos ao que eles queriam realmente dizer.

Para falar a verdade, em todos os segmentos da Igreja há uma grande dificuldade em interpretar os textos bíblicos. E o que é pior... Assume-se esta limitação, mas convive-se muito bem com ela.

Participo do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos). Embora Bíblia não seja o problema -- e sim a especialidade -- da casa, há uma lacuna aí. Publica-se muita coisa sobre gênero, cidadania, negritude, trabalho... Mas nada que contemple os jovens.

Ainda bem que esta questão está vindo à tona. Já a discutimos em nossas Assembléias estaduais e regionais. Agora vem chegando a Assembléia Nacional e certamente tomaremos uma posição, que espero finalmente nos seja favorável.

Mas isso precisa chegar à Igreja como um todo. Principalmente à Igreja popular, aquela que se põe a serviço de todos, especialmente dos mais necessitados.

Essa Igreja, parturiente das CEB’s, sabe que estas têm como um de seus pilares a leitura popular da Bíblia. Mas não é o que se vê, na prática. Os jovens ainda encontram enormes dificuldades em interpretar os textos.

E os padres e liturgistas aceitam isso numa boa. O importante é que eles -- os jovens -- encenem os evangelhos, nas missas. Não precisa interpretar os textos: Basta o efeito visual que o teatro proporciona.

Entender os textos? Não... Deixa isso pro padre! Não é ele o responsável pela homilia?

Mas afinal... Contemplando a educação popular, como é possível aproximar Juventude e Bíblia? É necessário dizer aos jovens o que fazer, ou construir com eles uma visão jovem da Bíblia?

O texto fundamental da metodologia cebiana é Lc 24,13-35 (caminho de Emaús). Pois bem...

De acordo com o texto, a pedagogia de Jesus é a mais simples e a mais eficaz possível. Primeiro, ele se põe do (e não “de”) lado, caminha com os discípulos. Pergunta-lhes o que está acontecendo, demonstra interesse pelos seus problemas, quer gerar um clima de cumplicidade. Depois (e somente depois) disso, Ele repassa as escrituras, iluminando a vida daquelas pessoas. Faz com que vejam o que estava diante de seus olhos e eles não enxergavam. Não fala de coisas desconhecidas, mostra que sabe do que está falando, mas que sabe principalmente COM QUEM está falando. Por fim, senta-se à mesa com eles, parte o pão e finalmente é reconhecido. Relembrando os gestos e palavras do Mestre, mas principalmente SE IDENTIFICANDO com o Projeto dele, os discípulos tomam uma atitude: voltam para a zona de conflito (Jerusalém) e encaram o problema de frente.

A reflexão foi rápida e bem sintética. Entretanto, fiz questão de lembrar esta passagem para mostrar que, pelo menos quando o assunto é Juventude(s), somos tentados a ir direto para a partilha. Isso talvez se deva ao fato de já termos feito tantas vezes este processo: com negros/as, mulheres, homossexuais, lavradores/as, operários/as... Mas é preciso fazer novamente! Esse público, sem sombra de dúvida, é diferente dos anteriores.

É necessário um olhar jovem sobre a Bíblia! Desculpem se for ofensivo o que vou dizer, mas vocês não acham leviano demais deixar de lado a parcela preferida da mídia e do mercado? Aliás, já se perguntaram por que o mundo do consumo é voltado para aqueles que teoricamente seriam os filhos e filhas dos donos das carteiras de dinheiro?

O shopping é ponto de encontro dos jovens, possuindo lojas de surfe, calçados e roupas transadas. A moda se preocupa em vestir o padrão de beleza, essencialmente jovem. Os modelos de eletroeletrônicos e automóveis estão cada vez mais joviais. Celulares e Internet desenvolvem tecnologias e jogos voltados para o público jovem. No rádio, as FM só tocam músicas para jovens. Na TV, até as novelas, auto-denominadas “distração para toda a família”, agora estão voltadas para os jovens.

O que isso quer dizer? Será que o Mercado utiliza a mesma linguagem para jovens e adultos? Ou será que os jovens compõem a maioria consumidora do planeta e, por isso, as atenções estão voltadas para eles?

Ainda mais... Se incluirmos aí o universo político, lembrando-nos que este ano é de eleições, veremos não só a quantidade de candidatos jovens -- mostrando uma tendência -- mas o quanto os partidos e candidatos também disputam acirradamente esta parcela da população.

Um exemplo: houve comício em meu bairro, recentemente. Uma baita estrutura, um palco bem localizado e um som de primeira. O comício só foi à noite, mas o dia inteiro ficou tocando um som, para distrair e atrair o público. Vocês conseguem adivinhar os estilos musicais? Pois eu vou dizer: Funk e Eletronic Music. Na opinião de vocês, isso atraiu qual público?

Olhando atentamente, percebemos que o marketing traz uma linguagem jovem, o mesmo não acontecendo com o pensamento, a ideologia por detrás, que é maquiada, sem deixar de ser manipuladora. Entretanto, como diria um amigo meu, “funciona horrores”. Nós, por outro lado, pretendemos fazer educação popular, mas utilizamos sempre a mesma linguagem, independente do público. Como diria uma comediante nada engraçada: “Isso não pode!”

Que tal, então, repensar a linguagem, mantendo o que a educação popular traz de melhor, a saber: a construção coletiva do pensamento? Mais do que uma linguagem jovem, proporcionar uma visão jovem da Bíblia, construída pelos próprios jovens, de posse de ferramentas adequadas?

Fico por aqui, esperando ansiosamente que esse meu questionamento -- e outros que ele possa inspirar --, provoque ótimas novidades para esta Juventude, que eu amo e acompanho desde os tempos de pejoteiro. E pra você? Agora é o momento, ou ainda devemos esperar?

Vai com Deus, Seu Elias!!!

Bom, pessoas...

Como vocês puderam observar, faz algum tempo que não posto nenhuma reflexão.

Há 4 meses, meu sogro sofreu um infarto. Sua situação foi se agravando e, nos 2 últimos meses, ele ficou internado. Com o advento de um novo infarto e da conseqüente transferência para outro hospital, em outra cidade, eu o acompanhei quase todas as noites, em seus últimos dias.

Apesar da esperança numa operação salvadora, seu quadro foi piorando, até que no dia 29/08 (sexta-feira), Elias José Lucas (67 anos) realizou sua páscoa.

Suas últimas palavras, ditas ao meu cunhado, foram: “Alcancei a vitória!” Depois descobri que essa frase é muito comum na Igreja Assembléia de Deus, confissão à qual o pai do meu sogro pertencia. Ela é inspirada em 2Tm 4,7: “Combati o bom combate, terminei minha carreira, guardei a fé”.

Para mim, que trabalho com a Bíblia, foi muito significativo ele se lembrar das palavras de Paulo, em seus últimos instantes. Como foi significativo também o tempo que vivi praticamente internado, junto com ele.

Ali entendi as palavras de Jesus, guardadas em Mt 25,31-46: “dar de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede, acolher o forasteiro, vestir o nu, visitar o doente e o prisioneiro...” Não só porque eu assistia meu sogro. Mas também porque eu via como se comportavam os outros, tanto os doentes como os acompanhantes.

Os doentes animavam-se uns aos outros, a ponto de um companheiro de quarto, que conviveu com Seu Elias por uma semana, 10 dias no máximo, estar no velório, solidário à nossa família. E tudo por gratidão, por amor mesmo, por se lembrar da força que meu sogro lhe transmitira, dias antes de sua cirurgia.

Os acompanhantes não cuidavam apenas dos seus. Todos se ajudavam, na medida do possível. Mas uma cena vai ficar pra sempre em minha memória. Um doente terminal, levado pela bebida, tinha por acompanhante um “companheiro de trago”, que ficou ali, ao lado do amigo, dia após dia, 24 horas de “cara limpa”.

Lembro-me de um desses retiros de 3 dias, em que eram lidas algumas cartas, onde os remetentes diziam que sacrifícios estavam fazendo pelo sucesso do evento. Eram coisas como: “ficar sem roer unha”, “não comer pizza”, “deixar de comer chocolate”...

E esse rapaz lá, viciado no álcool, teoricamente mais pecador que nós, que temos a possibilidade de fazer retiros espirituais, mas firme, de cara limpa, sem arredar o pé um minuto...

Infelizmente seu amigo morreu... Mas que lição ele me deixou... Este preconceito eu venci; e tudo por estar ali, sendo “obrigado” a visitar os doentes.

Na postagem anterior, alguém tachou minhas reflexões de “demasiado literais”. Ora, de que outra forma podemos entender essas palavras de Jesus? Eu não só as entendi literalmente, como as vivenciei, bem na prática, de um modo bem simples e, no entanto, tão libertador, tão transformador...

Outra reflexão... Quantas vezes nos revoltamos diante do sofrimento: Por que Deus permite isso? Mas experimente ficar um dia só num quarto de hospital. Não existem pessoas mais solidárias do que aquelas que se encontram em situações parecidas e, de preferência, situações de dor.

É triste? Podia ser de outro jeito? Sim... Mas não é!!! E talvez seja por isso que Cristo preferia os marginalizados. Quanto mais miserável, melhor! É tão forte isso que Jesus ganhou fama de “glutão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores” (Mt 11,19).

Bom... Chega de me alongar... Para finalizar, uma imagem de meu sogro, oleiro que era. A mensagem anexa é de um amigo, Pe. Stoffel, FPM.


Em Pé-de-Guerra

Novamente demorei a postar! São os compromissos de fim-de-semana... Mas agora está mais fácil acessar a Net! Portanto, vamos ver que outra desculpa arrumarei para atrasar minhas postagens, hehehehe...

E então... Descobriram quando Gn 2-3 foi escrito? E o que estava tirando a vida do povo? Vamos ver isso agora?

Se bem me lembro, havíamos dito que o Éden era uma espécie de projeção da “Terra dos Sonhos” de roceiros e roceiras.

Pois bem... Logo, não se trata de conflitos gerados na Babilônia, onde só a corte foi exilada. Certamente é em Judá, onde estão os camponeses. Mas seria na mesma época? Vejamos...

O primeiro relato da criação começa dizendo que, no princípio, não havia terra; só água, água por todos os lados. Tal era a situação da Babilônia, cercada pelos rios Tigre e Eufrates.

Já, o segundo relato começa ao contrário: terra há com fartura, mas sem água (= chuva) e sem um jardineiro (= homem) para cuidar dela. Judá é uma região árida, com pouca chuva... Parece que estamos dentro do contexto.

Outra coisa, que se pode deduzir... Para o camponês, vida digna é poder cumprir a missão dada por Deus, a saber: cultivar o solo.

Mais que isso: Dignidade é poder, também, comer do fruto do seu trabalho. Das árvores do Jardim, pode-se comer de tudo, inclusive da Árvore da Vida. Só não se pode comer da árvore do conhecimento do Bem e do Mal...

Mas que sacanagem, não é!?! Se não se pode comer dela, por que está lá, no meio do jardim, toda sedutora?

E outra... Hoje enxergamos um Deus que é sumamente Bom! Então por que Ele criou uma árvore que é fonte do Mal? E mais... Ele não sabia que dizer “não” é a melhor maneira de incentivar uma pessoa a trangredir?

Bom... É muito provável que estejamos, então, numa época anterior ao Exílio. Antes da Babilônia, os judeus acreditavam que Javé era autor tanto do Bem quanto do Mal.

Basta lembrar o relato do Êxodo! Ao mesmo tempo em que empurrava Moisés e o povo para a liberdade, Javé “endurecia” o coração do Faraó (Ex 4,21; 7,3; 10,1.27; 11,10; 14,4.8.17...); o que era uma maneira de tornar a fuga do Egito ainda mais gloriosa.

Só depois do Exílio, em contato com as crenças babilônicas, persas e, principalmente, gregas, é que se formulou uma visão dualista de Céu e Inferno, Deus e o Diabo, anjos guardiões e anjos caídos...

Mas quem faz a humanidade pecar é uma serpente. Há quem veja nela um demônio. Como já vimos, o autor do texto conhecia apenas Javé. Em tempo: no primeiro relato, não se chama Deus de Javé; só no segundo.

Ora, a serpente era uma das criaturas de Javé. Mas uma criatura muito simbólica. Há quem veja nela o deus egípcio da sabedoria. Outros vêem o deus cananeu da fertilidade.

Isso nos coloca em duas épocas distintas. Ou estamos no séc. X a.C., na corte salomônica, fortemente influenciada pelos costumes egípcios, ou estamos no séc. VIII a.C., onde Elias, Oséias e Isaías combatem de maneira mais incisiva a idolatria e a influência dos deuses, principalmente os dos povos vizinhos.

Sinceramente, não há consenso quanto à data, mas todos concordam que foi na época da monarquia.

Este que vos fala está convencido de que trata-se de uma época posterior à de Salomão. A avaliação posterior de seu reinado diz que ele se perdeu e, na velhice, não mais andava nos caminhos de seu pai, Davi (1Rs 11,4.6).

E mais... Atribuía a culpa às mulheres estrangeiras do harém do rei, pois essas o “enfeitiçaram”, com seus falsos deuses (1Rs11,1-8).

E quem vemos interceptando a “droga”... ops... colhendo o fruto proibido por causa da serpente? Eva, é claro!!! Conseqüência??? Ainda hoje, tem muita liturgia por aí incriminando as mulheres por causa disso...

Mas o que mais nos chama a atenção??? Ora, estamos falando em Ecologia, não é mesmo!?! E o que vemos aqui??? Um conflito entre as criaturas!!!

A serpente induz Eva, que acaba induzindo também Adão, que depois culpa a mulher por isso, enquanto ela se defende jogando a culpa na serpente... E Javé, pra acabar com a discussão, põe todo mundo de castigo e ninguém mais vê televisão... digo... vive feliz para sempre.

A punição de Javé não parece exagerada? Ele, inclusive, coloca obstáculos na porta de acesso à Árvore da Vida (Gn 3,24).

E por que as criaturas entram em pé de guerra???

Que tal refletirmos um pouco sobre isso??? Paro por aqui, um pouco! Retomamos o assunto, no próximo post.

Até lá!!!

Escolhe a Vida!

Pois bem... Estavam muito boas as férias, mas é hora de retomarmos nossas reflexões! Depois de analisar os 7 Dias da Criação, passaremos à “História das 5 Quedas”.

Mas primeiro... opa!!! Estamos no cap. 2 de Gênesis e... o mundo está sendo criado novamente?

Curioso, não!?! Tanta gente defende uma leitura bíblica ao “pé-da-letra”... Como será que eles explicam dois relatos diferentes da criação do mundo?

Teria sido o mundo criado, destruído e recriado? O que deverão ter feito as primeiras criaturas para o mundo ser destruído e refeito? Seria algo pior ainda do que no Dilúvio, pra não ser nem mencionado?

Para mim está claro!!! Ou passamos a vida toda achando os possíveis ossos de Adão e Eva, ou encaramos a Bíblia como ela realmente é: Palavra de Deus, que para Ele não volta sem causar efeito em nós (1Ts 2,13).

Ora, a Palavra de Deus não me parece tão preocupada em dizer quem foram os primeiros humanos quanto em nos dizer o que é preciso fazer para ter vida, e vida em abundância (Jo 10,10).

Portanto, ao ler o segundo capítulo, a pergunta que cabe ser feita é: Que vida Deus quer para nós?

E isso por quê??? Ora, porque o texto fala de duas árvores, das quais a humanidade deve escolher uma: a da Vida (vv. 9 e 16).

Se lembrarmos as reflexões anteriores, veremos que o primeiro relato também tinha um propósito: Fortalecer a Fé dos exilados e apontar as causas do Exílio (= Idolatria).

Morta a charada, resta saber quando e por que o texto foi escrito. Certamente não foi na mesma época do primeiro relato.

Comecemos pelo começo... No primeiro relato, “Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1). No segundo, “Deus criou a terra e o céu” (Gn 2,4b). Ora, que importância tem a terra vir antes ou depois do céu, não é mesmo!?! Mas vejamos...

Continuando... Enquanto se conta os dias lá, realçando a importância do sábado, isso aqui não tem a menor importância. Quando que o sábado passa a ter importância mesmo?

Tem mais... Enquanto há abundância de água lá (sendo sinal, inclusive, do caos), aqui “Deus ainda não havia feito chover sobre a terra” (v. 5). Ah... Certamente não estamos mais (ou ainda?) na Babilônia! Será algum deserto?

Enquanto lá toda a criação é uma preparação do terreno para que venha a humanidade, aqui depende da humanidade o início da criação. Afinal, “não havia ainda nenhum [verde]... porque... não havia homem para cultivar o solo” (v. 5).

Ops!!! A terra vem antes do céu... e agora estamos falando de cultivar o solo... Ou Deus nos fez agricultores (todos nós), ou o texto é proveniente de um grupo de camponeses.

Lá, homens e mulheres são quase deuses (= Imagem e Semelhança). Ou seja... o rei babilônio pode até parecer um deus... Mas é gente!!!

Aqui o homem é feito do barro! Quer ligação mais perfeita com a terra?

Enquanto o Espírito pousava sobre as águas lá, aqui Ele anima água e terra (v. 7). Do barro, Deus faz o homem e todos os animais (v. 19). Não somos Um apenas entre nós, mas com toda a criação.

Um parêntese: Notem que até aqui não falamos da mulher. É que ela vem depois, da costela do homem.

Podem dizer o que quiserem... que Deus não faz a mulher dos pés, nem da cabeça... que ela é tirada da costela, para ficar ao lado do homem... mas ainda assim ela vem em segundo lugar e sua condição é de “auxiliar” do homem (v.18).

Isso está claro no texto... não está??? Ora, devemos estar numa época de forte cultura patriarcal. Nem tudo é libertador no texto... algumas coisas ficam presas à época e à cultura. Assim como esta nossa análise, feita nos dias de hoje.

Por fim, o homem é criado fora do Éden e colocado lá dentro (v.8). O paraíso seria o céu? Enfim... Deus o introduz no Jardim, com a missão de cultivar, de cuidar do solo.

Tarefa fácil!!! Todos os grandes rios conhecidos daquela época brotam do Éden (vv. 10-14). Ou seja... terra e água o Jardim tem de fartura. Aqui, em se plantando, tudo dá!

Estamos, com toda certeza, falando do mundo dos sonhos de um camponês. Uma terra de onde o verde brota espontaneamente, bastando apenas cuidar de uma ou outra erva daninha. É certamente “uma terra onde mana leite e mel”.

Bom... Ainda não podemos dizer qual a data, exatamente. Mas podemos dizer que o texto não foi escrito no Exílio e nem por sacerdotes. É gente da roça que nos fala: Escolham a Vida!!!

Mas quando isso??? E o que estava tirando a vida do povo??? É o que veremos, a partir do próximo texto...

Até lá!!!

Descansar??? Pra quê???

E no sétimo dia (Deus) descansou.” (Gn 2,2)

Eis uma pergunta que não quer calar: Deus descansa? Mas que irresponsabilidade é essa? Deixar a gente aqui, sem mais nem menos, vulnerável às intempéries do mundo?

Ele nos colocou aqui, foi descansar e agora a gente que se vire???

Bem... Algumas interpretações do texto chegam inevitavelmente a esta conclusão. Mas são interpretações descontextualizadas, que não levam em conta nem a época em que o texto foi escrito, quanto mais o que estava acontecendo.

Estamos lembrados??? A época é de Exílio! Os judeus estão na Babilônia. Bom... Nem todos os judeus! Só a corte judaica é que foi deportada, na verdade...

A elite judaica estava habituada à vida sedentária da corte. Na Babilônia, tinha que trabalhar de sol a sol.

Descanso? Dia de folga? Pra quê??? Na Babilônia, quem comandava o calendário eram os astros (particularmente a Lua). Então os descansos e dias de festa eram raros, se comparados ao descanso semanal dos judeus.

O calendário judaico era organizado por semanas de 7 dias, assim como o nosso, de hoje em dia. Mas o dia de descanso era o sábado.

Então o autor relata que Deus conclui a obra em 6 dias e descansa no sétimo, reforçando que o descanso sabático é querido por Javé.

Afinal, o trabalho também não pode ser um ídolo. O lucro a qualquer preço e o consumismo desenfreado coisificam a pessoa.

É preciso redescobrir que o trabalho só dignifica o homem (e a mulher?) se, em nossa escala de valores, o trabalho estiver a serviço da humanidade, e não o contrário.

Mas o autor parece querer dizer mais! Vejamos...

Outro motivo para não parar de trabalhar. Dizem os mais velhos que “mente vazia é oficina do diabo.” Os babilônios sabiam disso muito bem. Escravo parado é mente trabalhando; mente trabalhando é revolta organizada, na certa.

O sétimo dia encerra uma obra. São 6 dias de organização do caos; e a conseqüência disso é a Vida.

Um calendário diferente implica uma organização diferente da nossa rotina, do dia-a-dia. Um dia de descanso por semana é tempo mais que suficiente para organizar a resistência contra a opressão.

Além disso, ao dizer que o sabbath é fruto da Vontade de Javé, o autor excita a memória dos(as) leitores(as).

O dia de descanso é tempo de lembrar, ao redor da fogueira, os tempos felizes, em que Javé estava ao lado do povo. É tempo de rever nossa conduta, perceber que a condição atual é fruto de nossos erros, e que Deus continua ali, ao nosso lado, motivando-nos a levantar e nos voltarmos para Ele.

O ápice do primeiro capítulo, portanto, é o sétimo dia. Inclusive, se lermos atentamente Gn 2,2-4, veremos que não houve uma tarde e uma manhã (cf. Gn 1,5.8.13.19.23.31). Ou seja... O sétimo dia dura até os dias de hoje!

O que isso quer dizer? Simples... O número da perfeição é o 7, mas a obra foi concluída em 6 dias. Mais ainda... Em 6 dias, Deus realizou 8 obras (veja que tanto o terceiro quanto o sexto dia encerram duas obras cada um).

Com isso, o autor reforça que a criação está pronta, mas não é perfeita. É no sétimo dia que ela vai atingir a perfeição. E quem recebe o “chapeuzinho de Mestre-de-Obras” no sétimo dia?

E lá vamos nós, aos trancos e barrancos! Tentando aperfeiçoar a obra, mas cometendo um deslize aqui, outro ali... As ordens do Projetista são claras, mas o Mestre-de-Obras comete 5 errinhos básicos e, em virtude deles, estamos até agora tentando trazer a obra de volta à planta original.

E olha que já recebemos até a visita de um dos Idealizadores deste Projeto...

Quais são estes 5 erros??? É o que veremos, na seqüência!

Até lá!!!

Já deve ter ficado claro o perigo da idolatria, pelo que dissemos até aqui.

Se perguntarmos a qualquer cristão, ou cristã, o que significa a idolatria, eles não vão ter nada agradável a dizer sobre ela.

Entretanto, não é fácil identificá-la! Isso porque ela representa nossos projetos, normalmente de realização pessoal e, por isso mesmo, opostos ao Plano de Deus.

Inconscientemente sabotamos nosso ideal de fidelidade a Deus, por ser natural querermos que sua Vontade nos seja favorável, serva de nossos propósitos.

É por isso que o primeiro relato da criação segue desmistificando os falsos ídolos. Depois do Sol (Marduc) e da Lua (Ishtar -- radical que, na verdade, dá origem à palavra “estrela”), é a vez dos bezerros de ouro, bodes e cabras sagrados etc:

Deus disse: ‘Fervilhem as águas um fervilhar de seres vivos e que as aves voem acima da terra, sob o firmamento do céu’, e assim se fez... E Deus viu que isso era bom. Deus os abençoou e disse: ‘Sede fecundos, multiplicai-vos...’ Houve uma tarde e uma manhã: quinto dia.” (Gn 1,20-23)

Ainda não se fala de nenhum animal terrestre, mas notemos que pela primeira vez Deus bendiz, abençoa sua criação.

A bênção implica a multiplicação da Vida. Fica evidente que não se trata de uma exclusividade, de um “tratamento VIP”, destinado à humanidade.

E por falar em humanidade...

Deus disse: ‘Que a terra produza seres vivos segundo sua espécie: animais domésticos, répteis e feras segundo sua espécie’, e assim se fez. Deus fez as feras segundo sua espécie, os animais domésticos segundo sua espécie e todos os répteis do solo segundo sua espécie, e Deus viu que isso era bom.” (Gn 1,24-25)

O autor repete, no v. 25, o que já havia afirmado no v.24, enfatizando que não só a humanidade, mas todos os animais terrestres foram feitos no sexto dia.

Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança...’ ” (Gn 1,26a)

Quem acompanhou as reflexões até aqui, facilmente consegue ver que, mesmo sob a aparência divina (Imagem e Semelhança), toda a humanidade, incluindo o rei babilônio (auto-denominado “filho do deus Marduc”), não passava da condição de criatura. Mas o texto segue...

‘... e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra.’ ” (Gn 1,26b)

E é aí que reside o maior dos males: o homem recebe uma responsabilidade (cuidar do planeta), mas entende isso como um privilégio, do qual pode tirar proveito.

Dito de outra forma: Recebemos o papel de “pastores”, mas resolvemos agir como “lobos”.

Com a maior das responsabilidades na mão, a humanidade ainda encontra tempo para se nomear medida de todas as coisas.

Deus é destronado para a ascensão do homem, do antropos. Pronto... Está instaurado o ANTROPOCENTRISMO.

É em função disso que a relação com a terra (agora já não é mais “Mãe” e escreve-se com minúscula) deixa de ter benefícios mútuos e passa a ser de exploração.

Nisso têm culpa o homem e a mulher, como faz questão de afirmar o v. 27, quando destaca a sua igualdade de condição. Mas o antropocentrismo é tão antropocêntrico que subordina até mesmo a mulher.

O autor, talvez sem perceber o quanto será mal interpretado, segue o texto (v. 28), repetindo a expressão “dominar”, responsabilizando agora também a mulher e acrescentando a bênção divina.

Em sua “inocência”, relata que no princípio não havia carnívoros (vv. 29 e 30). Todos, humanos e animais, eram vegetarianos, pois não é desejo de Deus o derramamento de sangue.

Isso porque o sangue está intimamente ligado à sobrevivência e à manutenção da Vida.

E Deus viu que toda a sua obra é boa. Aliás... Boa não... Muito boa!!! Só que a sua “zeladora”, a humanidade... bem... sobre isso continuamos outra hora!

Até lá!!!

ECOLOGIA SIM; IDOLATRIA NÃO!!!

Até aqui já dissemos o que entendemos por: Bíblia, Juventude e Ecologia.

Além disso, vimos que Deus vence a Morte no terceiro dia; e isso logo nos primeiros versículos da Bíblia.

É Deus que transforma o caos em ordem, torna o deserto verde, submete as trevas à luz e impõe limites às águas agitadas.

Vencida a Morte, estava preparado o terreno para que a Vida florescesse! Mas aí...

Deus disse: ‘Que haja luzeiros no firmamento do céu para separar o dia e a noite; que eles sirvam de sinais, tanto para as festas quanto para os dias e os anos; que sejam luzeiros no firmamento do céu para iluminar a terra’, e assim se fez. Deus fez os dois luzeiros maiores: o grande luzeiro como poder do dia e o pequeno luzeiro como poder da noite, e as estrelas. Deus os colocou no firmamento do céu para iluminar a terra, para comandar o dia e a noite, para separar a luz e as trevas, e Deus viu que isso era bom. Houve uma tarde e uma manhã: quarto dia.” (Gn 1,14-19)

Estamos tão acostumados ao texto que nada percebemos de estranho neste trecho... não é!?! Mas há algo estranho sim... Luz e trevas já não estavam separados por Deus?

Percebam com que insistência o narrador explica a função dos luzeiros. Bastava apenas dizer que o maior rege o dia e o menor rege a noite. Mas ele repete, repete, repete... E não diz o nome dos luzeiros. Não é estranho???

Talvez sim... Mas se nos lembrarmos que o texto foi escrito numa situação de cativeiro (Exílio na Babilônia), as coisas começam a ficar mais claras.

Entre o povo, o sentimento de derrota só não superava o de vergonha. Javé, que até então havia ajudado os judeus a vencer os outros povos, não fez nada contra os babilônios, que dominaram Judá facilmente. A conclusão só podia ser uma: o deus babilônio era mais forte que Javé.

A Babilônia não tinha apenas um deus. O mais poderoso entre eles era Marduc: nome dado pelos babilônios ao Sol. Ishtar (cujo radical, na verdade, dá origem à palavra "estrela") era o nome dado à Lua. Portanto, pronunciar os nomes dos luzeiros era dar força aos deuses babilônios.

Na mitologia babilônica, Marduc vence o caos, igualmente numa cena onde a água é abundante e é sinal de Morte. É que a Babilônia era cercada por dois dos 4 grandes rios conhecidos da época: Tigre e Eufrates, cujas cheias irregulares eram sinal de preocupação constante.

É importante também dizer que os babilônios inventaram o horóscopo. A Natureza era uma confraria de deuses, conspirando contra ou a favor da sorte do povo. Tudo dependeria dos ânimos dos astros.

Tudo dependeria também do filho de Marduc. E esse era ninguém menos do que o Rei da Babilônia: o legítimo portador da vontade de deus.

O autor do primeiro relato de Gênesis, portanto, quer fortalecer a fé e a esperança do povo, mostrando que os astros não são deuses, mas criaturas do Único Deus: Javé.

Não cabe ao relato de Gênesis explicar por que Javé permitiu o Exílio. Isso farão os círculos proféticos, tentando provar que a culpa era proveniente dos pecados do povo.

O que lhe cabe é fazer uma nova Teologia da Criação, reforçando a condição de criatura, conferida a Marduc. Para reforçar isso, o texto mostra que a luz é criada bem antes do astro-rei (4 dias). E se o Sol traz a luz, é porque esta é a missão que Javé lhe confiou. O mesmo acontecendo com a Lua (Ishtar), em relação à noite.

O resultado dessa nova Teologia é que somos novamente livres. Nosso destino não está mais nas mãos de reis, ou astros, ou de qualquer outra ideologia dominante.

Hoje muitos ecólogos querem estabelecer uma relação de verdadeira adoração à Natureza. Novamente se dá força à astrologia, ao poder místico das pedras, à função terapêutica das plantas... Quando o bem-estar que sentem, na verdade, é fruto de uma pequena sintonia com parte do meio ambiente. Nada mais!!!

Sintonia esta que perdemos há muito tempo, conforme veremos no próximo encontro.

Mas convém que se diga, para encerrar este tema, que a verdadeira ecofilia não transforma as criaturas em mais do que elas são. Não preciso dar status de deus ou deusa ao chão que piso, para entrar em sintonia com a Mãe-Terra.

Agindo com arrogância e pretensa superioridade (veremos mais sobre isso quando falarmos em Imagem e Semelhança), a humanidade vem agredindo sistematicamente a Natureza. Isso está matando nosso planeta.

Mas agimos com absoluta leviandade quando trocamos a nossa liberdade de filhos e filhas de Deus por um destino que nos isenta de qualquer responsabilidade diante dos fatos.

Só quando assumirmos que somos tão criaturas quanto o sol ou a lua, e que fazemos parte de um todo que é o cosmo, restabeleceremos de forma saudável e harmoniosa o equilíbrio do Universo.

E NO TERCEIRO DIA...

No encontro anterior vimos que:

=> A Juventude é o Presente.
=> A Bíblia está intimamente ligada à Vida.
=> E a Terra é um Ser Vivo, em Comunhão com seus habitantes (nós entre eles) e o Universo.

Vimos também que estas definições não são as mais tradicionais, mas as que melhor expressam uma Ecologia pensada por cristãos ecófilos.

A bem da verdade, dentro de um cristianismo autêntico, o termo “ecófilo” soa redundante. Isto porque Deus ama toda a Criação: a Natureza, inclusive.

É o que nos relata a poética narrativa do primeiro capítulo da Bíblia. Aliás, a Fé num Deus Criador está muito bem representada no livro com o sugestivo nome de Gênesis.

Que a Criação implica Vida, não há dúvida! E que, pela Ressurreição de Cristo, a Vida venceu definitivamente a Morte, também não! Mas o que uma coisa tem a ver com a outra?

Bom... Cristo venceu a Morte em três dias... não é!?! E isso nos relatam os Evangelhos... Certo!?! Sim... Mas não só eles!!! A Bíblia já começa com Deus vencendo a Morte em três dias! Como??? Vejamos:

No princípio, Deus criou o céu e a terra. Ora, a terra estava vazia e vaga, as trevas cobriam o abismo, e um sopro de Deus agitava a superfície das águas.” (Gn 1,1-2)

Antes dos dias, Deus cria o céu e a terra, mas a situação é de caos. São 3 os símbolos da Morte:

=> Terra vazia => Em algumas traduções, diz-se que a terra estava vazia e sem forma (estou utilizando a tradução da Bíblia Jerusalém). Estando vaga, vazia ou sem forma, de qualquer jeito ela está deserta, ou seja: sem vida.
=> Trevas => O mais tradicional símbolo da Morte.
=> Águas agitadas => Embora seja um tradicional símbolo da Vida, a água (ainda que habitada pelo Espírito, ou sopro de Deus) aqui vai ser sinal de Morte.

Ainda falando sobre as águas... A redação do texto -- e isso veremos adiante -- data do fim, ou do recente pós-Exílio na Babilônia. Todos nos lembramos do Sl 137(136),1:

À beira dos canais de Babilônia nos sentamos, e choramos com saudades de Sião.

O povo chorava à beira do rio, vendo aquela fartura de água, mas lembrando da liberdade que gozava em Sião.

Seguindo a narrativa:

Deus disse: ‘Haja luz’, e houve luz. Deus viu que a luz era boa, e Deus separou a luz e as trevas. Deus chamou à luz “dia” e às trevas “noite”. Houve uma tarde e uma manhã: primeiro dia.” (Gn 1,3-5)

No primeiro dia, Deus vence as trevas, o mais tradicional símbolo da Morte.

Deus disse: ‘Haja um firmamento no meio das águas e que ele separe as águas das águas’, e assim se fez. Deus fez o firmamento, que separou as águas que estão sob o firmamento das águas que estão acima do firmamento, e Deus chamou ao firmamento ‘céu’. Houve uma tarde e uma manhã: segundo dia.” (Gn 1,6-8)

Aqui vemos que a água envolvia toda a terra, imagem que será retomada na cena do Dilúvio, também uma cena onde as águas significam Morte.

Na imaginação de então, o céu era uma imensa redoma contenedora de águas. Claro... Olhavam para o céu e ele era azul como o mar. Além disso, de vez em quando chovia água do céu.
Era uma visão de mundo própria da época. Mas o importante aqui é ver que, ao criar o firmamento, Deus impõe limites à força opressora das águas. O Deus Criador é também um Deus Libertador, que vence a Morte e o regime opressor.

Deus disse: ‘Que as águas que estão sob o céu se reúnam num só lugar e que apareça o continente’, e assim se fez... Deus disse: ‘Que a terra verdeje de verdura: ervas que dêem semente e árvores frutíferas que dêem sobre a terra, segundo sua espécie, frutos contendo sua semente’, e assim se fez... e Deus viu que isso era bom. Houve uma tarde e uma manhã: terceiro dia.” (Gn 1,9-13)

Que a terra verdeje... Deus faz aparecer os continentes (dá forma à terra) e eles verdejam de verdura. Ou seja: o deserto é vencido pela força criadora de Deus, que transforma o terreno hostil em fonte de vida.

Aliás, falando em transformação... Deus transforma os sinais da Morte em sinais de Vida. Mesmo as trevas, sendo limitadas pela luz, tornam-se fonte de descanso e reposição de energia, tão necessárias à nossa sobrevivência.

Ou seja... Da Morte, Deus tira a Vida. Não é isso que cremos? Que é morrendo que se vive para a vida eterna?

Pois bem... E é isso que veremos, no próximo capítulo: a partir do quarto dia, a Vida terá plenas condições de acontecer!

Até lá!!!

Olá, pessoas!!!

Bem-vindos e bem-vindas às reflexões elaboradas para o curso que, conforme dito na postagem anterior, deveria ter sido aplicado em Ijuí-RS, no último final de semana!

Como dissemos, as reflexões são baseadas nos 12 primeiros capítulos de Gênesis. Mas, antes de partirmos para o texto, convém afinarmos alguns conceitos.

São eles: BÍBLIA, JUVENTUDE e ECOLOGIA.

Há uma definição oficial, comum, que não permite nenhuma ligação entre estes 3 termos. E outra, que não só permite, como os considera inseparáveis. Vejamos:

BÍBLIA => É o Livro da Lei... Certo??? Bom... De certa forma, sim!!! Mas não nos esqueçamos das palavras de Paulo: “A letra mata; o espírito vivifica” (2Cor 3,6), baseadas nestas outras, de Cristo: “O espírito é que vivifica... As palavras que vos tenho dito são espírito e vida” (Jo 6,63). Não é por acaso que a Bíblia começa com a narrativa da Criação (Gn 1). Em seu primeiro relato, a Bíblia já deixa claro o seu objetivo, como explica Cristo, quando afirma a que veio: “Eu vim para que as ovelhas tenham vida; e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Diante disso, mais que ser da Lei, podemos afirmar que A BÍBLIA É O LIVRO DA VIDA.

JUVENTUDE => É o futuro!!! Bem... Com certeza, é!!! Afinal, o(a) jovem tem muita vida ainda. Vai passar mais uns 20 ou 30 anos e os(as) jovens de hoje ainda terão a capacidade de tomar e executar as decisões que conduzirão o mundo. Mas eles(as) já têm essa capacidade hoje. Talvez falte experiência... Ou talvez falte espaço. O fato é que a Juventude é alvo da mídia, da moda e das prateleiras de supermercado. E isso por quê??? Porque os(as) jovens são a maioria da população. Ora, tudo o que conduz o nosso cotidiano é voltado para a juventude; falta aos adultos é vontade de admitir isso e dizer ao(à) jovem que ele(a) tem força sim de mudar o rumo da nossa história. Se a Juventude é capaz de determinar o que vende e o que não vende (vale lembrar que as leis regentes da sociedade atual são as do Mercado Internacional), então ela é que tem o Poder nas mãos. Só não descobriu isso ainda... Portanto, mesmo que por enquanto seja de uma forma potencial, A JUVENTUDE É O PRESENTE!!!

ECOLOGIA => É a ciência que estuda o cuidado com a nossa “casa” (eco = oykos = casa), que é o meio ambiente. Well... Aqui não se trata de discutir definições. Afinal, contra a etimologia (= origem das palavras) não há argumentos. O que devemos discutir aqui é a defesa da Ecologia como solução para os problemas do nosso meio ambiente. A ciência estuda, fala, orienta... Mas não é, em última instância, quem age. Precisamos aliar à Ecologia uma atitude, uma ECOFILIA. Filia = phylia = amor, amizade. Precisamos redescobrir o nosso papel na Natureza. Graças a uma interpretação antropológica de mundo, fruto do Humanismo ("O Homem é a medida de todas as coisas"), até a Bíblia é usada como justificativa para explorarmos a Terra, em vez de cuidar e dela tirar o sustento. Exemplo: O que nos vem à mente, ao ler: “enchei a terra e submetei-a” (Gn 1,28)? Esta frase, solta, descontextualizada, o que tem a nos dizer hoje? Sem entender o sentido original do texto -- e lendo-o à luz da cultura atual --, fica muito fácil usar a Bíblia para justificar o agronegócio, as monoculturas, o hidronegócio etc. Mas quem ama a Terra, o ecófilo, não explora a Terra; antes, com ela se integra, pois sabe muito bem que, diante do Universo, a humanidade e a Mãe Terra formam um único CORPO, um SER VIVO em órbita, transitando pelo espaço sideral, a bordo da Via Láctea.

Enfim... Sobre estes 3 termos era isso... A partir da próxima postagem, vamos entrar no primeiro capítulo de Gênesis e buscar a Vontade de Deus, presente na Bíblia, na Juventude e na Ecologia.

Até lá!!!

Na casa do Arnesto...

“Nóis fumo e num encontremo ninguém!!!”
(Demônios da Garoa, mais uma vez)

Bah... Que experiência eu tive neste findi...

Bom... Simplesmente mudou o meu conceito sobre o que é gostoso! Agora eu digo, pra quem quiser saber, que:

“Gostoso é viajar 7 horas pra fazer uma coisa e não poder fazê-la!!!”

Mas enfim... Não foi de todo ruim, pois havia mais de uma coisa a ser feita e, se não pude fazer o principal, pelo menos adiantei as outras!

Não tá entendendo nada, né!?! É que eu fui a Ijuí-RS, distante 600 km a noroeste de Porto Alegre, pra dar um curso sobre: “Bíblia, Juventude e Ecologia”.

Só que, chegando lá, depois de ser muito bem recebido pelos coordenadores do evento, deixei tudo preparado para receber os cursistas... Que não apareceram!!!

Não vou dizer que foi uma das melhores experiências da minha vida... Mas não saí chateado de lá! Creio que poder resolver outras questões, referentes à coordenação de Ijuí, amenizou um pouco a frustração!

“Tá... Mas coordenação de quê?” -- você deve estar se perguntando! Eu daria o curso pelo CEBI-RS (Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos - Região de Rio Grande do Sul), a pedido da sub-região de Ijuí!

Pois bem... Hoje era pra eu estar lá, ainda... Mas não!!! Tô aqui em casa, esperando dar a hora para a festinha de aniversário do meu sobrinho Eduardo! Well... Taí outra coisa positiva de não ter tido o encontro, né!?! Poderei curtir um pouco mais a família!

Só que eu tava muito afim de falar sobre o tema! Eu me preparei com muito entusiasmo para esta conversa sobre Bíblia, Juventude e Ecologia, pois é um tema que me diz respeito! Então, caro leitor, paciência... Vai sobrar pra você, hehehehehehe...

Nas próximas postagens, vou colocar um pouco das reflexões que fiz, preparando o encontro em Ijuí – que, aliás, não ficou completamente perdido, pois remarcamos para 04 e 05 de julho! Se alguém aí estiver interessado em comparecer...

Como o estudo foi baseado nos 12 primeiros capítulos de Gênesis -- o que é muita coisa -- vou procurar fazer as reflexões por partes! Na próxima postagem, o primeiro capítulo! Até lá!!!

Dia oito de março, dia internacional da mulher.
Em todas as empresas se pensa em ações de comunicação interna para que este dia não passe em branco e para que a auto estima das funcionárias seja estimulada. Pois todos sabem que funcionárias satisfeitas produzem mais.

Quem não encontrou a mulherada com botões de rosas desfilando pela rua, no sábado, dia 08 de março?

Infelizmente nem todas as "ações-pensadas" são bem pensadas. Uma empresa local, cujo nome não vem ao caso, deu às suas colaboradoras um 'mimo' que pode se chamar no mínimo de reducionista e preconceituoso: "Um Kit Costura".

Sem crucificar a pessoa que fez esta escolha, vamos aproveitar este incidente para pensar sobre as escolhas que nós também fazemos quando se trata de pensar em como homens e mulheres devem ser presenteados/as.

Quem tem família grande, com vários filhos e sobrinhos, pense no que acontece no dia de Natal, por exemplo: os 'homenzinhos' ganham carrinho de corrida, pistas de carrinhos de corrida... e as 'mulherzinhas' ganham conjuntinhos de chá, mini cozinhas, bonecas que imitam bebê... tudo isso para que o menininho aprenda que ele vai crescer e deve se preocupar em correr rua, enquanto a mocinha vai aprender a cuidar da casa e da procriação.

Quantas mulheres ouvimos defender o maridão dizendo: "meu marido me ajuda", como se lavar uma louça de vez em quando fosse uma grande coisa.

Igualdade é os dois cumprirem juntos as tarefas da casa, assim como os dois juntos já buscam no trabalho o recurso financeiro para manter filhos e demais despesas.

Acredito que a igualdade deve ser conquistada no âmbito dos direitos e deveres, as responsabilidades e o valor de cada gênero.

Nós mulheres esquecemos de preservar a nossa essência feminina! Nisso eu concordo. Nos tornamos mais machistas que o pior dos machistas, quando queremos nos igualar aos homens, imitando sua masculinidade.

Ser mulher plenamente é viver em igualdade de oportunidades, e aproveitar estas oportunidades sem matar a nossa essência feminina.

E isso vai muito além de fazer alguns reparos de costura! A feminilidade está viva quando somos capazes de criar, de rir, chorar, cuidar!
A ternura da mulher precisa existir para dar equilíbrio às relações.

Todos ganham com a igualdade de oportunidades! O mundo corporativo com toque feminino fica mais humano.

Vamos valorizar nossas diferenças e crescer juntos ao colocá-las à disposição uns -- e umas -- dos outros -- e das outras --, sem submissão, mas com parceria e igualdade.

Ninguém pára esse Vento passando???

“Se oceis pensam que nóis fumo embora,
nóis enganemo oceis...
Nóis fingimo que fumos e vortemos;

ói nóis aqui traveiz!”
(Demônios da Garoa)

Bom, pessoal... Depois da virada do ano e do Carnaval, é agora que tudo recomeça neste país... Inclusive o blog dos peregrinos.

:-D

E recomeçamos com um texto, fruto de nossas reflexões de férias (At 2,12-21):

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(A seguinte cena se dá logo depois do milagre de Pentecostes, onde os Apóstolos começam a falar em línguas)

“Sem saber o que pensar, (os que presenciaram a cena) perguntavam uns aos outros: Que significam estas coisas? Outros, porém, escarnecendo, diziam: Estão todos embriagados de vinho doce.

Pedro então, pondo-se de pé em companhia dos Onze, com voz forte lhes disse: Homens da Judéia e vós todos que habitais em Jerusalém: seja-vos isto conhecido e prestai atenção às minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, visto não ser ainda a hora terceira do dia.

Mas cumpre-se o que foi dito pelo profeta Joel (Jl 3,1-5):
Acontecerá nos últimos dias – é Deus quem fala –
que derramarei do meu Espírito sobre todo ser vivo:
profetizarão os vossos filhos e as vossas filhas.
Os vossos jovens terão visões e os vossos anciãos sonharão.
Sobre os meus servos e as minhas servas derramarei,
naqueles dias, do meu Espírito e profetizarão.
Farei aparecer prodígios em cima, no céu,
e milagres embaixo, na terra:
sangue, fogo e vapor de fumaça.
O sol se converterá em trevas e a lua em sangue,
antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor.
E então todo o que invocar o nome do Senhor será salvo.

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Este texto nos colocou diante da seguinte pergunta:
“O que o texto acima representa hoje para a sua vida e a da sua comunidade?”

Ao que respondemos, depois de refletirmos:

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Está faltando à Igreja de hoje confiar um pouco mais na ação do Espírito Santo.

Nossas lideranças se especializaram, ao que parece, em “decretar” onde o Espírito não está. Já, onde Ele está, ninguém sabe muito bem ao certo.

Aí, pra não ter erro, convencionou-se que Deus só pode ser encontrado, com a mais absoluta certeza, nos templos; e que é mais provável Ele falar a teólogos, bispos e padres do que aos leigos.

Como se fosse preciso diploma ou cargo para entender a linguagem do Espírito.

Quem não estudou, ou não ocupa determinada “cadeira”, se diz estar agindo por intermédio do Espírito, ou ganha o título de “Falso Profeta”, ou então só pode estar bêbado.

Certo é que existiram falsos profetas em todos os tempos, como já predizia Jesus... Mas onde está escrito que um dos requisitos para Falso Profeta é não ter diploma ou status?

Será que o Espírito sabia que os Apóstolos eram (quase todos) homens iletrados?

O que houve com o “sopra onde quer”? (Jo 3,8)

Talvez Jesus devesse ser mais claro quanto ao "QUEM QUER"...