Os Peregrinos

O caminho não é novo... O novo está em nós, no nosso jeito de caminhar!

Jornada Ecumênica

"Aqui você tem lugar, você tem! Aqui você tem lugar..."
Semana passada estive na 1ª Jornada Ecumênica da Região Sul do Brasil!

Tivemos a presença de participantes dos 3 Estados (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e também de cariocas, paulistas, baiano(a)s, mineiro(a)s, goianienses (pessoal da CAJU -- Casa da Juventude --, inclusive), além de "hermanos" argentinos, chilenos, bolivianos, uruguaios, paraguaio(a)s e alemã(e)s, entre outro(a)s.

Embora ecumênico, o encontro foi aberto também a participantes do diálogo inter-religioso, como um africanista, umbadistas, espíritas, muçulmanos e budistas.

Foram 3 dias de reflexões sobre Diversidade e Convivência, com enfoques sociológico, bíblico e teológico, além de oficinas super produtivas.

Este ano a Jornada foi aberta a todos os públicos, mas no ano que vem será exclusiva da Juventude. Em virtude deste grande desafio -- e também porque a Juventude sempre tem sede de mais --, criamos (ou melhor: o[a]s jovens presentes à Jornada criaram) a REJU-SUL, uma Rede Ecumênica das Juventudes do Sul do país.

O objetivo da REJU Sul será promover e divulgar eventos e atividades que possam ser realizados em comum pelas diversas denominações cristãs e inter-religiosas e compartilhar em REDE as ações de igrejas, organizações ecumênicas e instituções, voltadas à promoção dos direitos juvenis. Um deles será a Jornada Ecumênica Sul em 2009. Mas espera-se promover também uma transformação social, graças à união dos grupos de diversas crenças.

A idéia é simples!!! No bairro onde moramos, na escola que freqüentamos, em nosso trabalho, nos parques, nas associações e sindicatos, há pessoas de diversas religiões, credos e raças! Essas pessoas sempre estão reunidas em torno de um objetivo comum! Então cabe aos jovens a evangelização, não mais através do convencimento, mas de ações concretas, que levem a mensagem do Evangelho em forma de valores a serem vivenciados, muito mais do que siglas ou nomes a serem seguidos!

Aos mais conservadores... É claro que para nós, cristãos, Jesus Cristo é o Nome acima de todos os nomes! Não se trata de negá-lo, ou igualá-lo a outros! Mas já diz aquela música penitencial: "Hoje, se a vida é tão ferida, deve-se à culpa, indiferença dos cristãos!" Portanto, para facilitar a Convivência e respeitar a Diversidade, deixemos que os sinais -- muito mais do que nossa boca -- falem de Deus, pois se o nome de Jesus cria barreiras hoje deve-se aos nossos atos, muitas vezes incoerentes com a nossa Fé!

Jovem é outro Papo

Bendita seja a Teologia da Libertação! Será que ela sabia as conseqüências de seu discurso, quando resolveu adotar os pobres como lugar social de sua atuação?

Primeiro veio a necessidade de combater o acúmulo, objetivo dos exploradores. Operários, lavradores e outros grupos oprimidos se viram contemplados por uma Teologia dos Pobres.

Alargando a consciência crítica, as mulheres perceberam que o machismo também era uma forma de poder e dominação. Surgia a Teologia de Gênero.

Em seguida, negros, índios e outros povos perceberam que a organização mundial era eurocêntrica. Imediatamente formularam uma Teologia das Raças, Culturas e Religiões.

Aí a Teologia tradicional, conservadora, que não é boba nem nada, descobriu que o segredo das teologias libertárias era a capacidade de se organizar socialmente. Era preciso reagir! E o melhor caminho era incentivar a divisão, o individualismo.

Surgiu, então, a teologia do “salva a ti mesmo”, “preocupa-te com tua alma”, “seja o melhor que puderes” (mas sempre aja sozinho, obviamente).

É um discurso muito atraente, não acham!?! Eles até promovem grandes encontros, com pronunciamentos de grandes líderes espirituais, mas tudo sempre voltado para um “crescimento” individual. O discurso do “seja bom” é, de fato, muito sedutor... Mas ser bom não basta!

Para aumentar o poder de atração, já que está na moda a busca pela “eterna juventude” (e também porque é comum achar que os jovens -- parcela considerável da população mundial -- sejam mais facilmente influenciados), os defensores dessa Teologia “Oficial” desenvolveram discurso, metodologia e vários recursos (áudio-visuais principalmente) voltados para o público juvenil.

O diabo é que esse discurso realmente arrasta! Mas também... Pensem num primeiro encontro! O que a gente leva? Aquilo que somos, ou o que queremos que pensem de nós? Músicas animadas, vestes transadas, dinâmicas e “papos-cabeça” são muito mais atraentes do que sair falando diretamente de pobreza, poder e dominação.

É o mundo adultocêntrico, que faz ferver nos jovens os ideais de fama, honra e reconhecimento, que alimenta os desejos de aventura, competição, novidade, adrenalina... Mas, no fundo, só cria mais e mais mecanismos de manipulação de massas.

É preciso libertar também os jovens!!!

Esta libertação só vai acontecer se, em vez de reproduzirmos o modelo tradicional -- de linguagem aparentemente jovial e sedutora, mas que visa somente os interesses adultocêntricos --, deixarmos os próprios jovens falarem.

Então atenção!!! Os jovens vão falar!!! Eles também querem ter voz e ter vez! Vamos escutar???