Os Peregrinos

O caminho não é novo... O novo está em nós, no nosso jeito de caminhar!

O QUE É PIOR DO QUE O ANTROPOCENTRISMO???

Já deve ter ficado claro o perigo da idolatria, pelo que dissemos até aqui.

Se perguntarmos a qualquer cristão, ou cristã, o que significa a idolatria, eles não vão ter nada agradável a dizer sobre ela.

Entretanto, não é fácil identificá-la! Isso porque ela representa nossos projetos, normalmente de realização pessoal e, por isso mesmo, opostos ao Plano de Deus.

Inconscientemente sabotamos nosso ideal de fidelidade a Deus, por ser natural querermos que sua Vontade nos seja favorável, serva de nossos propósitos.

É por isso que o primeiro relato da criação segue desmistificando os falsos ídolos. Depois do Sol (Marduc) e da Lua (Ishtar -- radical que, na verdade, dá origem à palavra “estrela”), é a vez dos bezerros de ouro, bodes e cabras sagrados etc:

Deus disse: ‘Fervilhem as águas um fervilhar de seres vivos e que as aves voem acima da terra, sob o firmamento do céu’, e assim se fez... E Deus viu que isso era bom. Deus os abençoou e disse: ‘Sede fecundos, multiplicai-vos...’ Houve uma tarde e uma manhã: quinto dia.” (Gn 1,20-23)

Ainda não se fala de nenhum animal terrestre, mas notemos que pela primeira vez Deus bendiz, abençoa sua criação.

A bênção implica a multiplicação da Vida. Fica evidente que não se trata de uma exclusividade, de um “tratamento VIP”, destinado à humanidade.

E por falar em humanidade...

Deus disse: ‘Que a terra produza seres vivos segundo sua espécie: animais domésticos, répteis e feras segundo sua espécie’, e assim se fez. Deus fez as feras segundo sua espécie, os animais domésticos segundo sua espécie e todos os répteis do solo segundo sua espécie, e Deus viu que isso era bom.” (Gn 1,24-25)

O autor repete, no v. 25, o que já havia afirmado no v.24, enfatizando que não só a humanidade, mas todos os animais terrestres foram feitos no sexto dia.

Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança...’ ” (Gn 1,26a)

Quem acompanhou as reflexões até aqui, facilmente consegue ver que, mesmo sob a aparência divina (Imagem e Semelhança), toda a humanidade, incluindo o rei babilônio (auto-denominado “filho do deus Marduc”), não passava da condição de criatura. Mas o texto segue...

‘... e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra.’ ” (Gn 1,26b)

E é aí que reside o maior dos males: o homem recebe uma responsabilidade (cuidar do planeta), mas entende isso como um privilégio, do qual pode tirar proveito.

Dito de outra forma: Recebemos o papel de “pastores”, mas resolvemos agir como “lobos”.

Com a maior das responsabilidades na mão, a humanidade ainda encontra tempo para se nomear medida de todas as coisas.

Deus é destronado para a ascensão do homem, do antropos. Pronto... Está instaurado o ANTROPOCENTRISMO.

É em função disso que a relação com a terra (agora já não é mais “Mãe” e escreve-se com minúscula) deixa de ter benefícios mútuos e passa a ser de exploração.

Nisso têm culpa o homem e a mulher, como faz questão de afirmar o v. 27, quando destaca a sua igualdade de condição. Mas o antropocentrismo é tão antropocêntrico que subordina até mesmo a mulher.

O autor, talvez sem perceber o quanto será mal interpretado, segue o texto (v. 28), repetindo a expressão “dominar”, responsabilizando agora também a mulher e acrescentando a bênção divina.

Em sua “inocência”, relata que no princípio não havia carnívoros (vv. 29 e 30). Todos, humanos e animais, eram vegetarianos, pois não é desejo de Deus o derramamento de sangue.

Isso porque o sangue está intimamente ligado à sobrevivência e à manutenção da Vida.

E Deus viu que toda a sua obra é boa. Aliás... Boa não... Muito boa!!! Só que a sua “zeladora”, a humanidade... bem... sobre isso continuamos outra hora!

Até lá!!!

3 caminhantes:

Ana Loura disse...

Olá
Li o comentário no TeoLugar sobre as Festas do Divino. Vives em que zona? Sei que em Santa Catarina há grandes festas em honra do Divino que tem origem na colonização açoriana.

Abraço fraterno.

segunda-feira, 12 maio, 2008  
Maria João disse...

Passa pelo meu cantinho e faz uma oração...

beijos em Cristo e Maria

terça-feira, 13 maio, 2008  

Zé, mto bons teus textos!
Esclarecento e dando outra visões para temas interessantes.
Um abraço!
Paz e Bem!!!
Amilton

terça-feira, 13 maio, 2008