Os Peregrinos

O caminho não é novo... O novo está em nós, no nosso jeito de caminhar!

Divórcio: o Povo leva a Fama...

“Ai, meu pé... Não olha por onde eu ando!?”

Pois é... Pisão no calo dói pra chuchu! E um calo que tem doído muito em nossa amada Igreja é o divórcio.

O assunto é sério!!! E merece ser tratado com respeito!

Então... Estava eu trocando os canais da TV quando me deparei com um conhecidíssimo programa, estilo mesa-redonda, que passa às noites, durante a semana, na Canção Nova.

As pessoas – coitadas – ainda escrevem para lá querendo algum consolo, algum conforto.

Aconteceu de alguns divorciados escreverem pro programa, contando sua situação. Esperavam, de certo, palavras do tipo “Deus te ama”, “siga em frente”, “procure seu padre” etc.

Mas qual o quê, minha gente!? Foram queimados, como bruxas, em praça pública.

“A culpa é do egoísmo do homem (opa!!! cadê a mulher!?), que busca sua própria felicidade! O segredo do casamento é fazer o outro feliz!” – vaticinavam eles.

Mas peralá um pouquinho... Primeiro, se a culpa é do homem; se homossexualismo é sodomia, haram, pecado gravíssimo; então o segredo é fazer A outrA feliz.

(quem não entendeu a ironia, leia a postagem anterior)

Um programa que vai diariamente ao ar, em rede nacional, pretendendo ser a “voz” da Igreja (opa... não é mais a voz de Deus!? Que bom... só não sei se evoluímos ou retrocedemos)...

Um grupo que – vira e mexe – sai dando carteiraço, ou seja, “esfrega” esse ou aquele documento da Igreja na cara de seus interlocutores (engraçado como quase nunca citam a Bíblia)...

Enfim... Esses santos vêm a público tratar um assunto tão sério, tão delicado, com tamanha leviandade?

Ora, façam-me um favor! Não ofendam a minha inteligência!

Tá certo... Cada um deve ser responsável por seus atos... Mas responsabilidade, neste caso, requer discernimento, que é condição para o livre-arbítrio, ou seja, para a Liberdade: liberdade de escolher quem é a pessoa que vai passar a vida toda ao nosso lado.

Só que, para discernir, é preciso informação! Agora me digam... Que qualidade de informação tem um curso de noivos aplicado em 7 encontros, ou 1 dia, ou 1 final de semana?

Os divorciados são os culpados de sua sina? Que seja!!! Mas por que há tantos divorciados, tanta gente “errada”?

E por que há setores da Igreja (veja bem: se-to-res) agindo como os “amigos” de Jó, insistindo no castigo divino, em vez de ouvir a denúncia de Jó, que aponta as reais causas do sofrimento (cf. Jó 24,1-12)?

Não falta, também, à Igreja, assumir sua culpa? Sim, culpa!!! Também a Igreja é culpada pelo que está acontecendo!

Imaginem... Outro dia chegou um crismando pra mim e falou que Cristo era um espírito. Não... Não o Espírito Santo... Se fosse confusão com a Ssma. Trindade até dava pra encarar, pois é muito comum. Ele falava de um espírito mesmo, vagando por aí...

Ora... Se nem isso lhe ensinaram na catequese (teoricamente, a especialista em doutrina), imaginem o que essas crianças aprendem sobre valores como o Amor, a Vida, a Justiça, a Felicidade...

Daí, quando milhares de casais sobem despreparados ao altar, e em pouco tempo se divorciam, vêm algumas “autoridades eclesiais” dizer ao público que a culpa é do povo, pois este só pensa na beleza do cerimonial, no status perante a sociedade, esquecendo-se da importância do sacramento.

Pois bem... Mas Jesus, quando fala do divórcio, não chama exatamente o povo de “duros de coração”.

Quando perguntado sobre a Lei do Divórcio, o Mestre critica a própria Lei, ou seja, os fariseus. Afinal, não são eles os interlocutores de Jesus, naquele momento? (cf. Mt 19,3-8; Mc 10,2-6; Lc 16,14-18)

Não é curioso que os textos mostrem Jesus chamando a atenção dos fariseus, os líderes políticos e religiosos da Palestina?

Exime-se, assim, o povo de culpa??? Não... Com certeza não!!! Mas Cristo mostra que culpa maior têm os Doutores da Lei, os detentores do Poder (Informação também é Poder).

Portanto, herdeiros e herdeiras do farisaísmo... Menos falácia e mais cuidado com o povo! Não... Não é pra ter medo do povo! Cuidado, aqui, quer dizer: olhem com carinho para o povo, desçam até ele, até nós, até os pobres, o povão... aí olhem de perto e vejam que não somos maus! Talvez mal orientados... Mas maus nunca, jamais!

7 caminhantes:

Anônimo disse...

Ô, Zé!!! Quanto tempo não venho por aki, né???
Bom, o tema é polêmico, nós dois já trocamos informações e pontos de vista a respeito dele em outra ocasião.
Só tem um detalhe que eu quero ressaltar:
Todo ramo da sociedade que o indivíduo pertence (seja uma religião, uma nação, uma escola) tem "regras" e "normas" a serem seguidos... até os anarquistas têm suas normas. E o indivíduo que pertence a tal ramo pode ou não concordar com essas normas, mas elas estão alí. Porém acima das normas e regras estão as pessoas. E em diversos assuntos, os que ditam ou recitam essas normas se esquecem das pessoas. O "carteiraço" não enxerga a realidade das pessoas. Você pode ser contra o divórcio, homossexualismo, mas não pode ser contra o divorciado, o homossexual. Você não precisa difundir que o divórcio é a melhor forma de resolver os problemas do matrimônio (eu acredito que seja a última alternativa), mas não pode tratar o divorciado como "extra-terreste" afinal a vida continua e deve-se tentar vivê-la da melhor maneira dali em diante.
Não sei se estou me fazendo entender direito (como eu falei, não levo jeito prá escrever), então vou falar em 1a. pessoa: eu sou a favor e acredito na indissolubilidade do matrimônio, porém continuo amando meus entes queridos que o dissolveram. Não dou de dedo na cara, mas mantenho minha opinião e procuro ajudar nesse sentido quando solicitado.

Um grande abraço, meus amigos Zé e Barbie (hehehe)!!!

Paz e Bem a todos nós!!!

quarta-feira, 14 novembro, 2007  
Anônimo disse...

Farei minhas algumas palavras do seu amigo... são estas:
"Ô, Zé!!! Quanto tempo não venho por aki, né???
[...]
Você pode ser contra o divórcio, homossexualismo, mas não pode ser contra o divorciado, o homossexual."

Agora tentarei colocar as minhas:
Quando o Garotinho (que fique claro, não concordo com 95% das coisas que ele fez/disse) afirmou que ama o homossexual mas abomina o homossexualismo (que fique claro, outra vez, que estou falando sem ter certeza se foram essas as suas palavras) a mídia e o povo se revoltou... pois eu acho que ele foi feliz (ao menos uma vez)!
A gente já conversou sobre isso, e você citou o exemplo do Kaká... que se casou virgem, como "aconselham" nossas igrejas e nossa doutrina, e logo depois se separou.
Que eu saiba ele não se separou, mas na época (por falta de vontade de discutir, ou de informação) eu nem questionei.
O fato, Zezinho querido (ui! Babi, eu sou prima e tô longe... relaxa!) é que parte é do homem, parte é da mulher, e parte é de todo o resto... e sim, esse "todo resto" inclui a igreja.
Também acho que o divórcio é a última opção... e oro a Deus que nos preserve dela... e nos ajude a cumprir a promessa de "até que a morte nos separe" (e olhe que eu ainda nem me casei), mas condenar a pessoa a viver eternamente infeliz porque é divorciada... não é uma opção! Ao menos não deveria ser...
Eu não sei se fui clara... falei foi demais!

Tudo de bom sempre a você e aos seus...
Fique na Paz do nosso Senhor!

quarta-feira, 14 novembro, 2007  
Anônimo disse...

[...] é que parte * é do homem, parte é da mulher, e parte é de todo o resto...

*da culpa

"Falei" tanto que esqueci a culpa! hahaha...

quarta-feira, 14 novembro, 2007  
Anônimo disse...

Opa... O negócio começou a bombar por aqui! Que legal...

É, Amilton!!! Trocamos "informações" a respeito do assunto sim! Acho até curioso que este (e infelizmente só este) assunto sempre suscite alguma participação tua!

Prima... Fiquei muito feliz com o teu sinal de vida! Tava sumidaça!!! Eu realmente não encontrei mais nada sobre a separação do Kaká! Mas achei estranho, pois o fato foi noticiado na mídia! Enfim...

Pois bem... Concordo em gênero, número e grau com as opiniões dos dois (até porque são parecidíssimas)! Entretanto, considero muy conveniente informar que a questão aqui não é a Lei!

Fico até meio constrangido por saber que, de alguma forma, dei a entender que sou favorável ao Divórcio! Pensava ser um consenso entre nós que este seja o último recurso!

A questão aqui é a HIPOCRISIA!!!!!

Dizer que a separação é obra da perversidade humana, da promiscuidade do povo, quando temos uma catequese fraca, comunidades com participação efetiva dos mesmos "meia-dúzia-de-gato-pingado" de sempre (o que parece não importar se os demais, que pelo menos aparecem nas missas, estiverem em dia com os sacramentos, não é!?!)... Isso tem lá outro nome diferente de HIPOCRISIA???????

Pensem... Só um pouquinho...

Bom... Se bem que... Acho que o problema pode ser a Lei mesmo! LEI DEMAIS E AMOR DE MENOS! Sabe aquele amor...!?! Aquele que perdoa e acolhe com misericórdia os que passaram pela experiência do fracasso, por exemplo!?! É... Se for isso... Quem sabe... Talvez... Pode ser...

Paz & Bem!!!

Zé Luiz.

quinta-feira, 15 novembro, 2007  
Anônimo disse...

Ow, Zé!!!
Realmente, este assunto me chama muita atenção, pois já vi e convivi com muitos casais e suas famílias que sofrem muito com o divórcio, e com os quais tento aprender as causas e evitar que o divórcio aconteça na minha família (não apagar fogo, mas evitar que incendeie) e nas famílias dos meus próximos. Também por participar da Pastoral Familiar, onde refletimos muito sobre o assunto.

Mas o fato de eu voltar a escrever nesse assunto foi coincidência mesmo, já q sempre acho os teus textos interessantes, leio mas nem sempre paro prá escrever, por pura falta de tempo...

Mas falando na hipocrisia, de certa forma eu vejo, mesmo na Igreja, movimentos contrários à essa catequese a que vc se referiu. Tanto menos é o que eu vejo nos documentos da Igreja e na prática na nossa paróquia e arquidiocese, que se procura preparar os casais para o casamento (não só no curso de noivos), e na continuidade dos recem-casados e na sua familia.

Mas o grande problema que eu vejo em tudo isso é a adesão das pessoas à proposta da Igreja. Um curso de noivos de 1 fim de semana realmente é muito pouco. E a Igreja tem outras formas dessa preparação, seja no grupo de adolescentes, de jovens, nos movimentos, pastorais. Mas a grande maioria não quer perder tempo com essas coisas, e querem ir direto para prática. Aí não há uma preparação decente para o casamento, procuram a igreja por tradição, fazem curso de noivos por obrigação, e assim vai. Vc sabe que é assim q funciona.

Não posso dizer que as "armas" da Igreja contra o divórcio são infalíveis. Mas posso afirmar que se o indivíduo tem uma formação integral dentro da Igreja, desde a sua catequese, passando pelos movimentos que já citei, a chance de ter um casamento infeliz diminui bastante.

Por fim, finalmente, sem me delongar mais, eu acredito que o divórcio acontece em casais mal preparados, mas não por falta de opção, mas ou por não saber que essa opção existe, ou por não querer "perder tempo" com essas coisas.

Agora, como em todo segmento, existem os "xiitas" fundamentalistas, que levam as coisas ao extremo, e acabam mais atingindo as pessoas do que ajudando.

Bom, era isso!!!

Paz e Bem!!!

quinta-feira, 15 novembro, 2007  
Anônimo disse...

Amilton...

O que a Igreja tem de bom, todo mundo sabe, tudo mundo viu! Isso a Igreja é muito boa em divulgar!

Eu também vejo muitas coisas boas! Apesar de algumas pessoas (você mesmo, inclusive) já terem me mandado procurar outras religiões, eu me considero muito católico!

E justamente por estar dentro, incluído, quero uma Igreja melhor! Daí as críticas!!!

Quando você diz que "o divórcio acontece em casais mal preparados", embora eu mesmo seja um divorciado, concordo em gênero, número e grau!

A questão é exatamente esta...

"POR QUE ESSES CASAIS ESTÃO MAL PREPARADOS?"

Ora, dizer que a Igreja tem se esforçado e nós -- o povo -- é que somos um bando de desinteressados... Bem...

Isso é, no mínimo, miopia social (ou seria "miopia clerical"?)! E você, embora use óculos como eu, em se tratando de sociedade, não está entre os míopes! Ou está???

Pensa, cabecinha... Pensa...

Paz & Bem!!!

Zé Luiz.

domingo, 18 novembro, 2007  

Oi Zé! Volto eu aqui pra dizer a mesma coisa. Ontem estava conversando com minha mãe, e chegamos a uma conclusão óbvia e já conhecida: a igreja apóia o casamento, mas não fornece o suporte necessário.
Tanto antes quanto depois dele.

[]'s
espero [de mim mesma] voltar com mais freqüência.

P.S.: Quanto a voltar ao mundo dos blogs... é um projeto... mas ainda não está maduro o suficiente. ;)

segunda-feira, 19 novembro, 2007