“Tudo me é permitido, mas nem tudo convém.”
(I Cor 6, 12)
Mas então... O que convém? Quem pode dizer o que convém? A Igreja? O papa? Minha consciência?
Perguntinha difícil... Se digo que é o papa, ou a Igreja, declaro o fim da minha liberdade. Por outro lado, se digo que é a minha consciência, condeno o sentido comunitário do cristianismo e reforço o individualismo, que está distanciando as pessoas, cada dia mais, e tornando o mundo, embora superpovoado, um lugar solitário de se viver.
A recente Exortação Apostólica, de Bento XVI, parece apontar para a primeira hipótese. Ou seja: Devemos recorrer à Igreja, mais especificamente à Tradição, para saber o que é certo e o que é errado, particularmente em assuntos relacionados à moral.
Mas – vejam que ironia – o papa cita tanto Sto Agostinho (aliás, no último documento, só deu ele) e, no entanto, vem justamente do Bispo de Hipona a resposta que aponta para a outra alternativa: “Ama e faz o que quiser!”
Curiosamente esta frase, uma das mais famosas do santo – e completamente adequada ao tema da Exortação Sacramentum Caritatis – não é citada em nenhum momento.
Não queremos exaltar o individualismo, mas não podemos negar que é dele que o coletivo é feito. O Catecismo da Igreja Católica, inclusive, na introdução à II parte – sobre a Liturgia – quando fala da unidade na pluralidade, está destacando justamente isto.
Quem decide obedecer cegamente a uma instituição, deixa de ser livre, abre mão de pensar; em última instância, desiste de si mesmo. Ora, não cantávamos nós, nesta Quaresma: “Eu vim para que todos tenham vida... plenamente”? (Jo 10, 10) Por acaso, vive quem se anula?
Como pode, quem não ousa pelo menos refletir, “examinar tudo e guardar o que for bom” (I Tes 5, 21)?
Pior... Quando criticamos a Igreja, ou o papa, como aconteceu no último texto, pensam que estamos contra a Igreja... Pelo contrário, estamos muito a favor!
E é por isso que nos lembramos também de São Francisco de Assis, que agiu movido pelas palavras de Cristo, ditas diretamente a ele: "Reconstrói a minha Igreja". E de Sta Joana D’Arc, queimada como herege, mas declarada santa séculos depois. Eles são só duas das testemunhas de que a Igreja erra.
Quando lemos, na Sacramentum Caritatis, a preocupação com a posição da cadeira do celebrante, com os trajes usados nas celebrações, com o modo como se dá a adoração do Santíssimo (inclusive, citando passo a passo como fazê-lo), ficamos pensando: Ora, se o tema é a Eucaristia, por que não falar de seus frutos, da conseqüência primeira de se comungar, que é se tornar o próprio Cristo, que age, que faz, sempre regido pelo Amor?
Aí vem a resposta, na terceira parte (Mistério vivido): O auge da ação cristã, proposta por Bento XVI, é ir às missas aos domingos e rezar pelo bem da humanidade e por mais padres.
Gente!!! Uma Igreja assim acaba se perdendo no tempo! Em vez de mostrar as riquezas do Amor, ela prefere distanciar ainda mais o povo, dizendo coisas do tipo: 2ª união é uma praga (do âmbito social). Por mais que o clero tente justificar, dizendo que o papa se referia a uma chaga social, não dá para negar que o termo “pegou muito mal”.
E mais… Grande diferença, perante o povo, né!?! “Olha… A praga não é você; é a sua situação perante a Igreja e a sociedade…”
Quando dizemos que a Igreja precisa se modernizar, tem gente que se arrepia até nos pêlos da nuca. Mas como??? A Igreja, bimilenar, deixar de lado os valores que lhe dão fundamento para viver (e, desta forma, validar) os valores modernos, passageiros?
Mas, pessoas… A Igreja não precisa – E NEM DEVE – atualizar seus valores: estes são eternos, porque fundamentados no próprio Cristo! Quando se fala que ela deve estar atenta aos tempos modernos, não é para atualizar os valores, mas para atualizar a sua linguagem.Ou vocês imaginam mesmo que conseguiremos transmitir nossos valores, tradições e bons costumes por meio de cantos gregorianos e celebrações em latim, mais preocupadas com o gestual do que com o Mistério celebrado?
Apesar dos pesares, queremos terminar reforçando o que nos diz Paulo, e o papa bem lembrou em sua Carta: “quer comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus.” (I Cor 10, 31) Simples assim... SEM UM “MAS” (“mas desde que seja segundo o que diz Bento XVI”, por exemplo). Isso – o que nos diz Paulo; não o papa – é viver segundo o Espírito, colocando o Amor acima da Lei (II Cor 3, 6), o serviço ao próximo acima da posição em que deve ficar a cadeira do celebrante no presbitério. Aliás... O que é mesmo um presbitério???
Os Peregrinos
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6 caminhantes:
Mto bom!
quinta-feira, 29 março, 2007Saudades de vc's!
bju
A liberdade vale o preço... foi nela que o AMOR se fez Carne e habitou entre nós...
sexta-feira, 30 março, 2007Oro pelo vosso lar...abraços fortes
+
quarta-feira, 04 abril, 2007babi e zé,
É nesta Igreja assim, (que mantendo vivos os seus valores, necessita permanente de se pôr a caminho junto de cada coração) que todo aquele que acredita em Jesus Cristo deve confiar.
A Igreja é feita de pessoas... e, naturalmente imperfeitas como são, tudo o que dela sai não poderia nunca ser assim divinamente e meticulosamente perfeito. Nem Deus quis que fosse de outro modo... afinal de contas esta Igreja de que falamos não é o papa, este ou aquele padre com quem simpatizamos, ou o outro... Afinal a Igreja és tu, e tu e eu, e ele...
No presbitério...naquele lugar de destaque reservado para os que, bem ou mal, mostram a cara em nome da Igreja, estão aqueles que nos podem ajudar a formar a nossa consciência. Estes seguem e ensinam, o melhor que podem, através das directivas básicas que são os catecismos, exortações apostólicas, etc. São linhas de acção gerais para os crentes em geral.
Mas o povo de Deus é constituido por pessoas, e como tal, essas directivas devem ajustar-se de acordo com aquela pessoa determinada, naquela determinada situação, com todo o conjunto de vivências que ela engloba.
Eu posso viver de acordo com a minha consciência, formada pelos valores fundamentais da Igreja, porque são aqueles em que acredito, e porque tomo esta opção eu sou livre.
Sou livre de escolher em Quem acredito, por Quem eu vivo, a Quem eu quero seguir... e viver deste modo liberto-me das minhas limitações humanas, da lei do "apetece-me fazer isto". Deixo de ser escravo de mim próprio.
Com a nossa consciência formada, sem nunca agir cegamente, poderemos então "amar e fazer o que quisermos" porque , no fundo, é o que Jesus Cristo nos diz que é o mandamento principal "amai-vos uns aos outros como Eu vos amei".
(perdoem-me o comentário longo)
Santa Semana! e um abraço em Cristo
Como é maravilhoso quando estamos com os nossos valores centrados na Palavra de Deus, porque o próprio Espírito nos dá discernimento do que nos convém!
quinta-feira, 05 abril, 2007Feliz Páscoa e beijos!
Caros amigos,
sábado, 07 abril, 2007uma santa Páscoa
Esse é um blog católico?
segunda-feira, 09 abril, 2007Não mesmo!
O Papa deve falar sobre tudo e as roupas, objetos e formas da liturgia tambem fazem parte desse tudo!
Há inumeros documentos sobre amor (Deus Caritas Est), caridade, doação, etc. Basta procurar...
Faltava, isso sim, um documento para coibir os abusos liturgicos. Sacramentum Caritatis veio (e é só o primeiro de uma série...) justamente para isso!
Não há liturgia na Igreja mais preocupada com o Sagrado e com o Mistério celebrado do que o rito tradicional (em latim e com canto gregoriano).
Esse é um blog católico?
Apoiando posições tão anti-católicas?
Poderia ser ao menos honesto e ser um blog protestante, ateu, agnostico.
Pois é isso que é!
Não há amor pela Igreja aqui...
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